Policarpo Quaresma não lia Álvares de Azevedo

(Originariamente publicado no Ars Rhetorica)


Deliciosa citação que encontrei no “Formação da Literatura Brasileira” de Antônio Cândido, um dos principais tomos das próximas semanas:
Falam nos gemidos da noite no sertão, nas tradições das raças perdidas das florestas, nas torrentes das serranias, como se lá tivessem dormido ao menos uma noite, como se acordassem procurando túmulos, e perguntando como Hamleto no cemitério a cada caveira do deserto o seu passado.

Mentidos! Tudo isso lhes veio à mente lendo as páginas de algum viajante que esqueceu-se talvez de contar que nos mangues e nas águas do Amazonas e do Orenoco há mais mosquitos e sezões do que inspiração: que na floresta há insetos repulsivos, répteis imundos, que a pele furta-cor do tigre não tem o perfume das flores – que tudo isto é sublime nos livros, mas é soberanamente desagradável na realidade. (Manuel Antônio Álvares de Azevedo,
 Obras)

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