De acordo, teimar nestas etimologias pudicas soará uma mania perversa, mas após lembrar abacates é impossível não falar em orquídeas. Por quê? Pela estranha coincidência que veremos.
As orquídeas são, em verdade, um enorme e diverso grupo : as orchidaceæ constituem a maior família entre as angiospermas (para quem cochilou o ensino médio, as plantas com flores), com uma contagem lhe atribuindo 880 gêneros e 22.000 espécies. Para a surpresa de muitos, o nome orquídea vem do grego antigo ὄρχις [órkhis], "testículo", por via do latim orchis adotado pelos primeiros taxonomistas científicos. Mas como estas belas flores, primeiras entre as preferências de público junto a rosas e margaridas, receberam tal nome? Visto que uma imagem valeria por mil palavras...
Ao que parece, já na antiguidade os tubérculos das orquídeas, suas raízes, eram considerados semelhantes a testículos: não é casual por longo tempo terem associado à planta efeitos afrodisíacos, naquele pensamento tipicamente homeopático do "similia similibus curentur" (coisas parecidas seriam curadas com coisas parecidas). Sabemos que gregos e romanos conheciam uma certa planta chamada orquis, possível mas não necessariamente nossas orquídeas, com a qual produziam poções amorosas como aquela, narrada por um historiador não muito confiável, que misturada a leite de cabra habilitava um homem a nada menos que 70 atos sexuais seguidos.
O original sentido grego está explícito na série de termos médicos relacionados aos testículos, como anorquismo (ausência de um ou ambos os testículos), orquialgia (dor nos testículos) e orquistomia (remoção dos testículos, ou termo técnico para castração).
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